Após uma década de pesquisas em laboratórios, visitas técnicas de campo e entraves burocráticos, o guaraná produzido em Maués (a 253 quilômetros de Manaus) conquistou na manhã desta terça-feira (16), o Registro de Indicação Geográfica (IG), emitido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), órgão vinculado ao Ministério da Indústria e Comércio.
Com a certificação – requerida pela Associação dos Produtores de Guaraná e que recebeu o apoio da Prefeitura de Maués em 2017 – apenas o produto cultivado e produzido pelos agricultores e famílias do município poderá ter seu nome associado, comercializado e denominado com qualquer referência a “Maués”, valorizando desta forma as características ambientais e biológicas da fruta que é nativa da região e cujos primeiros relatos de seu uso e consumo pelos índios Sateré Mawé remontam o século XVII.
De acordo com o prefeito de Maués, Junior Leite, após a conquista da IG, o próximo passo é reunir-se com as famílias de agricultores da zona rural e ribeirinhos para implantação de um selo municipal, para identificar as embalagens e artigos, que utilizam o o guaraná local em suas composições.
Junior destaca ainda que o setor, que atualmente conta com 2,5 mil produtores, e gerou durante o período de colheita em 2017, mais de 300 empregos diretos, passará por um novo ciclo, uma vez que o guaraná “Made in Maués” será mais valorizado no mercado nacional e internacional.
“O consumidor, principalmente de Manaus, também será beneficiado uma vez que terá certeza que o produto que está comprando nas feiras, mercados, restaurantes e quiosques da capital possui de fato, as características e as qualidades exclusivas do verdadeiro guaraná da Amazônia”, acrescentou o prefeito.
200 mil mudas
A obtenção da IG, a primeira emitida no Brasil pelo órgão federal em 2018, foi resultado da parceria e da união de esforços de um grupo de trabalho do qual fazem parte a Prefeitura de Maués, Sebrae-AM, Fucapi, Embrapa, Sepror-AM e outros órgãos estaduais que trabalharam nos últimos 10 meses junto aos representantes do Inpi e do Ministério da Indústria e Comércio.
Apesar de nativa da Amazônia, o estado da Bahia detém atualmente o título de maior produtor brasileiro da fruta. “A certificação também vai mudar este cenário porque atesta que a fruta de Maués é melhor do que a produzida em outros estados do País, pois tem mais cafeína e portanto, será mais valorizada pelo público”, explicou o representante de Maués no grupo, Luiz Carlos Dinelly, que acompanha o processo desde 2013.
No início da cadeia produtiva da fruta, os tradicionais plantadores do município também comemoram o reconhecimento nacional de sua mais tradicional cultura.
“Com os incentivos e apoios que recebemos do município em 2017, o quilo do guaraná chegou a R$ 21, um dos melhores preços dos últimos anos. Com o selo, vou ampliar a área de cultivo e contratar mais gente para trabalhar este ano”, afirmou o agricultor Marcos Souza, produtor da comunidade São João.
Antes mesmo da confirmação do registro pelo Inpi, publicada na manhã desta terça-feira (16) na Revista da Propriedade Industrial (RPI) nº 2454, a Prefeitura de Maués já havia confirmado a inauguração ainda neste semestre de um novo viveiro municipal com capacidade para 200 mil mudas.